Hoje, abrimos espaço neste blog para uma publicação diferente. Temos mais um importante convidado, o Professor Roberto Cardia. Ele nos autorizou a reproduzir textos e imagens publicados em seu perfil no Facebook no nosso blog. Dentre quatro publicações que ele nos sugeriu, escolhi duas delas para mostrar aqui. No caso, duas publicações que relatam a inventividade do treinamento, combinando grandes desafios físicos e técnicos com a integração do homem ao ambiente que o circunda e com a sua história. Treinos ao ar livre são excelentes meios de compreender melhor os movimentos e os seus efeitos em distintas condições. Mais ainda quando exploram a bela paisagem e a rica natureza da cidade do Rio de Janeiro, inseparável também de histórias e tradições. O leitor deste blog terá a possibilidade de conferir um relato de experiência de treinamentos de Taekwondo em plena Mata da Tijuca, em escadarias originalmente esculpidas por escravos no século XIX e em pontes estreitas presentes na trilha.
Roberto Cardia, é professor de Taekwondo no Rio de Janeiro e um dos pioneiros no ensino desta arte marcial para portadores de deficiência visual. É autor dos livros "Taekwondo Arte Marcial e Cultura Coreana", volumes I e II, e um importante estudioso da cultura das artes marciais em nosso país. É uma grande alegria recebê-lo neste espaço. Obrigado, professor Roberto Cardia, pelo seu depoimento de memória.
Roberto Cardia, é professor de Taekwondo no Rio de Janeiro e um dos pioneiros no ensino desta arte marcial para portadores de deficiência visual. É autor dos livros "Taekwondo Arte Marcial e Cultura Coreana", volumes I e II, e um importante estudioso da cultura das artes marciais em nosso país. É uma grande alegria recebê-lo neste espaço. Obrigado, professor Roberto Cardia, pelo seu depoimento de memória.
Nas Escadarias do Pico da Tijuca
Por Roberto Cardia
Em toda minha jornada de praticante sempre quis os treinamentos mais duros possíveis porque acreditava que a repetição e o esforço físico me levariam em ao menos um degrau acima do que já estava. Desenvolvi várias formas de treinamentos as quais me deram resultados positivos. Entretanto, uma parte de mim, queria manter a dificuldade com bons resultados, mas com modificações nos treinos ao ar livre que já estavam repetitivos. No ano 2000 os esportes radicais estavam com tudo e neste enredo já estava pensando em algo radical também, procurando por lugares/espaços diferentes para minhas novas atividades. Uma das ideias que tive e gostei muito de praticar foi a subida de 118 degraus de rocha no Pico da Tijuca (vale a pena pesquisar pela história da construção destes degraus). Algumas partes são bastante íngremes e outras expostas ao risco de queda e rolamento. A caminhada era notória assim como algum treinamento que faria com o Felipe, um dedicado aluno que sempre me acompanhava. Ao chegar no pé da escadaria, onde dá acesso ao cume com uma visão maravilhosa, pedi para ele segurar a raquete enquanto subia. Ele foi subindo de costas segurando a raquete enquanto eu chutava ogul bandal chagui (chute circular na altura da cabeça). Não foi muito fácil porque o ambiente não é plano e simétrico assim como havia vento, sol e o cuidado de não cair ou me lesionar de alguma forma. As correntes ao lado, bastante grossas por sinal, eu recusava em amparar-me para que pudesse treinar o equilíbrio. Muito difícil! Isto ocorreu em março de 2001 e confesso a vontade de refazer o treinamento, mas se voltar o registro fotográfico deverá acontecer. A foto acima é de 2013 quando levei meus filhos lá, as restantes eu copiei na internet. Talvez tenha sido o primeiro a chutar subindo as escadarias esculpidas inicialmente por escravos no século XIX e depois reformados no século XX. Vale a pena unir história com treinamento de Taekwondo.
Antes do treinamento de subida das escadarias dos 118 degraus do Pico da Tijuca, estava em uma de minhas caminhadas na Floresta da Tijuca com finas de treinamentos técnicos de Taekwondo (1999). Resolvi treinar chutes em uma ponte ligeiramente estreita com intenção de realizar um ogul mondolio chagi (chute por trás desferido geralmente com o calcanhar, mas na altura da cabeça) e também com um ogul bandal chagi (chute semi circular na altura da cabeça, geralmente com o peito do pé). A ponte balançava muito, parecia que iria ruir e mesmo assim eu não queria me respaldar com as mãos na corda, pois precisava da dificuldade para vencer o novo obstáculo que me propus a realizar. A maior dificuldade foi executar o primeiro chute mencionado anteriormente porque precisava girar com a perna dobrada, elevar/esticar/puxar com a intenção de desferir o golpe em um ângulo muito menor do que o convencional, onde a altura das cordas não ajudava: era um pouco alta para execução da técnica apontada. O treinamento foi rápido, mas muito importante para refletir o quanto podemos chegar no alvo mais rápido e com técnicas que têm um trajeto diferente ao tradicional. As fotos apresentadas foram coletadas na internet e me parece que a ponte foi restaurada. Como sempre o meu grande amigo de treino foi o Carlo Felipe e o nome da ponte é “Ponte Pênsil”, localizada no Rio de Janeiro, na Floresta da Tijuca. Também não bati foto do treino desta vez, ficando apenas na memória de dois praticantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário