terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O que é Tantui (Parte 5: Jindai Tantui, 近代弹腿, e a Força Elástica, 弹力)

Arqueiro Manchu no final do século XIX

Postura inicial "clássica" de Tantui

Introdução:

Retomo a série sobre Tantui após um hiato de publicações a respeito. De uns tempos para cá decidi me dedicar ao estudo atento do Tantui. Para isso, busquei o professor Niltoamar Pereira Gomes, aqui em Uberlândia, uma das referências mais respeitadas do Kung Fu em nossa região. Venho tendo aulas com ele há alguns meses. Primeiro, fiz com ele uma "reciclagem" completa do Shi Er Lu Tantui, do Zhong Wudao, do Mestre Lin Zhong Yuan, conforme ele aprendeu com o Mestre Huang Yu Sheng. Depois, ele me ensinou a forma Tantui Duilian, que eu ainda não havia estudado. Nos dois casos, ele aprofundou bastante no entendimento das aplicações dos movimentos e me orientou sobre rotinas de exercícios físicos específicos, voltados para aspectos relevantes de cada linha. A metodologia de ensino do professor Niltoamar é bastante individual e direta. O foco é totalmente direcionado à compreensão dos princípios e dos fundamentos que permitem a execução viva da técnica.

Wang Zi Ping - Etnia Hui - Mestre de Tantui Moderno

Wang Zi Ping - Mestre de Tantui Moderno - Etnia Hui

Terminada a "reciclagem" sobre as formas de 12 linhas do Zhong Wudao do Mestre Sheng, ele começou a trabalhar comigo um sistema "completo" de Tantui. Eu mesmo afirmei, no primeiro texto desta série, que não existe mais um sistema completo de Tantui, mas não há contradição aqui. De fato, o sistema que ele me passa não é a mesma arte "miticamente" originada em Linqing, na província de Shandong durante a Dinastia Song. Nem mesmo aquela arte supostamente criada no final da Dinastia Ming, em Xingjiang, conforme outra versão histórico-mitológica da sua origem. Não há, entre o sistema que eu estou aprendendo e a arte "original", uma ligação direta plausível, nos moldes de linhagens e genealogias tradicionais. Sua concepção é bastante "moderna" e, até mesmo, "esportivizada", ainda que traços de sua ancestralidade estilística e das suas origens étnicas no Jiaomen sejam ainda muito evidentes.


O Tantui do professor Niltoamar:


O sistema que o professor Niltoamar está me apresentando é de criação atribuída a um mestre de etnia Hui, atuante na primeira metade do século XX, Ma Enchen 吗恩趁 (1895-1961), de Xi'an, na província chinesa de Shaanxi. O nome deste mestre, associado ao Tantui, tornou-se conhecido internacionalmente nos anos 80 e 90, graças a uma publicação do Mestre Ma Zhenbang (artista marcial, treinador de equipe de Wushu, autor de livros, ator e diretor de cinema famoso nos anos oitenta): Shi Lu Tantui, traduzido para o inglês como Ten Routine Spring Leg, lançado em 1985. Este livro também recebeu tradução para o espanhol: Diez ejercicios de proyección de piernas (Madri: Miraguano Ediciones, 1989). A versão espanhola foi traduzida para o português e editada no Brasil: 10 exercícios de projeção de pernas (São Paulo: Sampa, 1995). Trata-se de uma obra que, apesar de muto simples, tornou-se mundialmente difundida. Também foi lançada, por exemplo, na França, com o título de Jeu de la jambe elastique en dix enchainements, lançado em 1991.

Este livro, como o próprio título diz, é sobre uma série de Shi Lu Tantui (十路弹腿), ou seja uma rotina, um taolu, não sobre um sistema completo. Ma Zhenbang, cuja especialidade era o Xing Yi Quan, afirma ter aprendido a rotina com o Mestre Ma Enchen por volta de 1940. Ma Enchen era reconhecido como mestre de Chaquan e Jiaomen Changquan. Certamente, a sua compreensão do Tantui advinha da relação histórica entre estas escolas. No manual de Ma Zhenbang, inclusive, a versão narrada sobre a origem do Shi Lu Tantui é aquela da sistematização de Cha Shangyi 查尚义, o Chamir, à quem se atribui a difusão do Chaquan de Xingjiang para Shandong. Além disso, tanto Ma Enchen quanto Wang Ziping, terceiro professor de Tantui de Ma Zhenbang, teriam sido discípulos da linhagem de um mesmo mestre, Yang Hongxiu 杨鸿修, fundador do Yangshi Chaquan (杨式查拳).

Ma Zhenbang. 10 exercícios de projeção de pernas.
Capa da edição brasileira de 1995.

Segundo o professor Niltoamar, ele aprendeu o sistema de Tantui do Mestre Ma Enchen em São Paulo nos anos 90, com um professor chamado Ton Shan (não sei se é assim a grafia e certamente não se trata do famoso Mestre Thomas Chan, da Confederação Brasileira de Wushu, de quem o professor Niltoamar também foi aluno, mas de Wushu Moderno). Não me parece coincidência que alguém possa ter ensinado um sistema como este, em São Paulo, mais ou menos na mesma época do lançamento de 10 exercícios de projeção de pernas. Naquela época, este tipo de publicação era amplamente comercializado e gerava interesse tanto na comunidade praticante de artes marciais quanto em curiosos e mesmo em "auto-didatas". Esta era uma ótima oportunidade de diversificação de "produtos" oferecidos em academias de artes marciais. A própria academia em que o professor Niltoamar me disse ter aprendido este Tantui, segundo ele, era especializada em Hung Gar, não em Tantui ou mesmo Chaquan. Isso não quer dizer, necessariamente, que estes "novos" produtos eram falsos ou de qualidade duvidosa. Quer dizer apenas que eram, na época, novidades e que, quem tivesse conhecimento sobre o assunto (ou ao menos fosse convincente neste sentido), encontraria mercado para ensinar.

Genealogia de Ma Enchen conforme o material de Tantui fornecido pelo Prof. Niltoamar

Também de acordo com o próprio professor Niltoamar, quando ele começou a treinar Tantui em São Paulo, ainda estava ligado ao Mestre Huang Yu Sheng em Uberlândia, que não aprovava a busca independente de seus alunos por aprendizado em outras escolas. Este era um ponto de tensão na sua relação com vários alunos, dentre os quais o professor Niltoamar, provavelmente, o mais curioso e ávido no sentido de conhecer várias artes e estilos diferentes. Na época, Niltoamar trabalhava como bancário e realizava serviços em agências espalhadas em várias partes do Brasil. Aproveitava as viagens para estabelecer contato com professores e mestres de vários lugares, realizava cursos e intercâmbios com vários deles e, assim, constituiu, ao longo de muitos anos, um currículo recheado de formações distintas. A motivação era, conforme ele diz, entender melhor o que aprendia com o Mestre Sheng, ampliar aquela compreensão a partir da consideração mais específica das escolas presentes no Zhong Wudao. Não é difícil imaginar o quanto foi atrativa a oportunidade de estudar um sistema "completo" de Tantui, cujas características pareciam tão fortemente presentes no sistema do Mestre Sheng.

Apesar de ter estudado vários estilos de artes marciais chinesas, o professor Niltoamar não os mistura. Ele treina-os e ensina-os em separado. Quando o buscamos para fazer aula, ele nos apresenta diversas possibilidades. Para organizá-las, utiliza, como recurso, pastas catálogo, contendo folhas/programas relativas às escolas que ele conhece. O programa de Tantui encontra-se descrito em cinco folhas, contendo tabelas referentes aos seus oito estágios. As folhas foram fornecidas pela própria academia em que aprendeu e a sua redação demonstra um português bastante precário, de alguém que ainda não possuía muita desenvoltura em nossa língua. Elas compõem um documento, por si só, interessante da época. No cabeçalho das folhas, aparece o nome do programa de graduação de Tantui: 批个奧谈腿.


O programa de Tantui de Ma Enchen:


Este nome, 批个奧谈腿 (pi ge ao tan tui), por si só, já é bastante indicativo do que se trata. Uma tradução pode ser: "conjunto de Tantui olímpico". O termo "olímpico" está aqui abreviado pela palavra 奧 (ao - 奧林匹克, ao lin pi ke). Não é necessário dizer o quanto este sistema relaciona-se, portanto, ao projeto do Wushu Moderno, da República Popular da China, sob um viés claramente esportivo. O próprio Mestre Ma Enchen, conforme Ma Zhenbang, foi do time da província de Shaanxi na Competição Nacional de Wushu, em Beijing, no ano de 1956, quando obteve a primeira colocação.



Os anos de 1953 a 1958 formam um período importante e decisivo para a história do Wushu Moderno, pois marcou a fundação da 中华全国武术总会 (Zhonghua Guanguo Wushu Zonghui), a Associação de Wushu de Toda a China. Este período foi de grande euforia para a recém criada República Popular da China, nos anos que sucederam à Revolução de 1949 e os sucessos militares subsequentes, como aqueles relacionados à conquista do Tibete e à derrota dos Nacionalistas remanescentes nas províncias de Yunnan e Xinjiang, todos ao oeste do país, em regiões estratégicas de fronteira. O Wushu, como "esporte nacional", receberia, nesta época (até a fase da Revolução Cultural), um tratamento específico do Estado chinês a fim de se tornar vitrine para uma "nova e grandiosa" China. Este era o papel da Associação de Wushu de Toda a China.

Ma Enchen foi um dos personagens do que podemos chamar de primeira fase do Wushu Moderno, entre 1949 e 1966, antes da Revolução Cultural. Nesta etapa, houve bastante colaboração de mestres de artes marciais tradicionais para as suas adaptações ao modelo atlético e competitivo, inspirado em expressões esportivas da União Soviética e da Alemanha Oriental (LU, 2008: 39). Neste momento, foi idealizado um estilo "híbrido" ou "genérico" chamado de "Punho Longo", Changquan (长拳), que incorporava rotinas tradicionais de artes advindas de províncias do norte da China, como Shaanxi, Shandong, Henan e outras, tais como eram o caso do Huaquan e também do próprio Chaquan (MONTEIRO, 2014: 58). O Tantui, neste contexto, foi incorporado ao Wushu Moderno como rotinas básicas de treino fundamentais para o desenvolvimento de habilidades e consciência para o "Punho Longo".

Nesta primeira fase do Wushu, as formas e rotinas ainda eram bem diferentes do que se tornariam a partir do final da década de 1970, na reabertura política e econômica posterior à Revolução Cultural, sobretudo, em relação ao movimento de internacionalização do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando foram intensificados os esforços para a elevação do Wushu à categoria de esporte olímpico, por meio da 国际武术联合会, Guoji Wushu Lianhehui, Federação Internacional de Wushu. Naquele momento inicial, as formas modernas estavam bem mais articuladas às suas origens em artes "tradicionais" do que atualmente. Os seus movimentos dominantes ainda mantinham características eminentemente marciais, ainda que estilizadas e estetizadas para o espetáculo competitivo. Ainda não havia se estabelecido, tão claramente, uma dicotomia entre as rotinas formais (o taolu) e a luta (sanshou ou sanda).

Ma Zhenbang, executando uma forma de Xingyiquan 

Um outro aspecto do nome do sistema chama a atenção: a grafia de "Tantui", no caso, 谈腿, com 谈 (Tan), indicando "família Tan". Devemos lembrar, neste caso, que a publicação de Ma Zhenbang adota uma outra nomenclatura, hoje mais usualmente aceita: 弹腿, "pernas elásticas" ou "spring legs", como na tradução inglesa, "jambe elastique", em francês, ou ainda "proyección de piernas", em espanhol. Vale lembrar que, conforme o próprio Ma Zhenbang, seu último professor de Tantui, no final dos anos 50 e início dos 60, foi outro mestre de etnia Han: Wang Zi Ping 王子平 (1881-1973)*, vice-presidente da Associação de Wushu de Toda a China e um dos grandes expoentes do movimento nesta fase. Ele é considerado um dos pioneiros do chamado 近代弹腿 (Jindai Tantui, Tantui Moderno). A consolidação do nome 弹腿 frente a outras versões ao longo do desenvolvimento do Wushu Moderno parece resultado também de um entendimento prático sobre a forma. Este entendimento é expresso de modo bastante sintético no prefácio do manual de Ma Zhenbang:
"Com as instruções dos famosos mestres mencionados [Ma Enchen, Wang Qingshan e Wang Ziping] e com mais de vinte anos de ininterrupta prática em meu trabalho como treinador na equipe de wushu da província de Shaanxi, fui compreendendo pouco a pouco que os 'Dez exercícios de projeção de pernas' eram excelentes para a flexibilidade do torso, as pernas e mãos e para a coordenação dos passos, todo o qual requer sólida técnica, concentração de força e movimentos rítmicos das diferentes partes do corpo" (MA, 1995: 05).
* Wang Zi Ping também conhecia Tongbeiquan,
uma outra escola de Jiaomen que incorporou
formas de Tantui em seu treinamento. Um outro Ma,
o famoso Mestre Ma Yongzhen, foi responsável
pela fusão de Tantui ao Tongbeiquan, dando origem
ao Ma Tongbeiquan Tantui, que, embora aparentado, não
se confunde com o Tantui de Ma Enchen ou de Ma Zhenbang.
Sobre este assunto, recomendo a parte final do ótimo
documentário abaixo:


A "flexibilidade de torso, pernas e mãos" é uma expressão de 弹. Fosse ou não o ideograma original presente no nome do antigo Tantui, ele agora assumia um significado estilístico renovado. Interpretado conforme as necessidades de desenvolvimento de fundamentos técnicos do antigo Chaquan ou do moderno Changquan, o 弹 deste novo Tantui torna-se um conceito fundamental a partir do qual as rotinas de 10 ou de 12 lu (路) de Tantui poderiam fazer sentido. Um conceito que também pode ser aplicado, por exemplo, ao exercício com armas tradicionais treinadas em conjunto com o Tantui, com o Chaquan ou com o Qishiquan: gun (棍) - bastão; dao (刀) - sabre; qiang (枪) - lança; jian (剑) - espada.

O ideograma 弹 (tán ou dàn), cujo caractere tradicional é 彈, forma-se pelo método picto-fonético, sendo o seu componente pictográfico 弓 (gōng), "arco", e o fonético, 單 (dān), que significa "unidade" ou "sozinho". O sentido é sugerido por 弓e pode significar, modernamente, "bala" (munição), "tiro"ou ainda algo "elástico". 力 (), por sua vez, é um pictograma que sugere a imagem de um instrumento de arar, podendo, assim, significar "força", "capacidade", "potência". 弹力, a "força elástica" é o princípio mais geral das técnicas do Tantui.

Como no tiro de um arco, a propulsão é gerada por uma contração em sentido oposto ao alvo, gerando um equilíbrio entre tensão e estabilidade para que, de súbito, ocorra um relaxamento e, consequentemente o disparo. As "pernas elásticas" não carregam este nome apenas em virtude dos chutes, mas por conta do papel das pernas na geração da força elástica do corpo como um todo.

Este entendimento das "pernas elásticas", ainda que a nomenclatura traga o 谈, de "família Tan", está presente no sistema de Ma Enchen. É importante frisar que a grafia 弹腿 não começou a ser adotada pelo Wushu Moderno; por exemplo, o manual de 1922, de Wu Zhiqing, a respeito da rotina de 10 estradas já utilizava esta nomenclatura. O manual de 1934, de Ma Yongzhen, também escreve 十路弹腿 (ver: https://www.plumpub.com/images/Biblio/t1004.jpg). O reconhecimento deste princípio da força elástica no Tantui antecede a sua incorporação no Wushu moderno, portanto.

Diferentemente, em 1917, no manual ilustrado da rotina de 12 estradas, da Livraria Chinesa de Xangai, a palavra utilizada, seguindo o que aparece também em materiais da Associação Jingwu, é 潭, em referência ao "Templo do Lago do Dragão", em Linqing, berço lendário do estilo, como já vimos na "Parte 1" desta série. A mesma grafia aparece em um manual de Liu He Tantui (六合潭腿), de 1933 (ver: https://www.plumpub.com/images/Biblio/t1005.jpg). Isso demonstra maior ênfase na história (lendária) do nascimento do estilo/forma do que nas suas características técnicas (sem, contudo, necessariamente negá-las).

Apesar de supostamente advir da versão da Jingwu, no Zhong Wudao do Mestre Sheng, a palavra "tan" das rotinas de 12 linhas de Tantui é grafada como 彈 e não 潭, o que talvez sugira uma outra proveniência ou, pelo menos, uma ênfase no seu entendimento técnico sobre o entendimento "histórico-literário". Nomenclaturas à parte, o entendimento da "força elástica" está, de algum modo, presente em todas as variações "modernas" das formas de Tantui, sejam elas do início do século XX, anteriores ao projeto do Wushu, sejam posteriores, já da segunda metade do século XX, quando passam a representar uma síntese técnica dos fundamentos de Chanquan moderno.

A versão da Associação Jingwu às vezes apresenta, como no material acima, a grafia 潭腿.

A força elástica parece ser uma chave relevante para entender a atração que o Tantui exerceu sobre tantas escolas e estilos diferentes de artes marciais chinesas, sobretudo, aquelas relacionadas ao conceito mais geral do "punho longo". Embora diversos estilos e artes marciais possam divergir sobre os métodos de geração e de aproveitamento da força elástica, ela está presente de modo muito central em vários deles, sejam considerados de escola "interna" ou "externa". Daí, talvez haja mais do que elogio hiperbólico no famoso ditado chinês de que, se o seu Tantui for bom, o seu Kung Fu também será. Talvez também haja nisso o reconhecimento, na essência do Tantui, de fundamentos comuns a várias artes marciais e seus respectivos estilos. Por isso, ele funciona tão bem como rotina básica e introdutória em tantas escolas, infelizmente sendo, por isso mesmo, muitas vezes, subvalorizado.

Apenas começo a apreciar o sabor da força elástica trabalhada no sistema de Ma Enchen. Mais do que apresentar formas "vazias" ou a serem decoradas, o sistema explora o seu entendimento por meio de exercícios específicos, práticas de Qigong, experiência com aplicações, técnicas com armas tradicionais etc. Trata-se de um currículo de muita riqueza e detalhes, voltado ao desenvolvimento de fundamentos técnicos-esportivos, sem dúvida, mas também com muito valor em si mesmo, seja pensando nos aspectos de consciência somática, seja pensando em aplicações para combate "real". Praticado isoladamente ou em paralelo com outra arte marcial ou estilo, ele traz muitos benefícios e não se resume a formas simples para iniciação no Kung Fu.

Referências Bibliográficas:


LU, C. Modern wushu: When Chinese martial arts meet Western sports, In: Archives of Budo, 2008, 4: 37-39. Disponível em: https://wushuspain.com/wp-content/uploads/2018/06/Modern-wushu-min.pdf. Acesso em 11 de dezembro de 2018.

MA, Z. 10 exercícios de projeção de pernas, São Paulo: Sampa, 1995.

MONTEIRO, F. História das artes marciais chinesas. Tradição, memórias e modernidade, Uberlândia: Assis Editora, 2014.


Outros recursos:


Baidu - Item 弹腿. Disponível em: https://baike.baidu.com/item/弹腿 . Acesso em 12 de dezembro de 2018.

BRENNAN TRANSLATION. Ten-line Tantui. Illustrated Handbook for the Muslim Art of Tantui (1922). Disponível em: https://brennantranslation.wordpress.com/2017/07/31/ten-line-tantui/. Acesso em 04/02/2018.

BRENNAN TRANSLATION. Twelve-line Tantui (1917). Disponível em: https://brennantranslation.wordpress.com/2013/01/27/twelve-line-tantui/. Acesso em 01/02/2018.

Filmografia de Ma Zhengbang - In: Hong Kong Cinémagic. Disponível em: http://www.hkcinemagic.com/en/people.asp?id=14788. Acesso em 12 de dezembro de 2018.

Fontes sobre Tantui - In: Plum Plublications. Disponível em: https://www.plumpub.com/info/knotebook/boxtantuia.htm. Acesso em 12 de dezembro de 2018.

Iron Legs of Tan Tui - Chinese Documentary (CCTV4). Versão bilíngue, Chinês-Inglês. Disponível em: https://youtu.be/eHDIYxi87pM. Acesso em 12 de dezembro de 2018.

Lives of Chinese Martial Artists (22): Wang Ziping and the Strength of the Nation. In: Kung Fu Tea. Disponível em: https://chinesemartialstudies.com/2018/06/15/lives-of-chinese-martial-artists-22-wang-ziping-and-the-strength-of-the-nation/. Acesso em 12 de novembro de 2018.

Ma Enchen 吗恩趁 - Programa Graduação Tantui 批个奧谈腿. Cópia disponibilizada pelo professor Niltoamar Pereira Gomes em novembro de 2018. Digitalizada por Guilherme Amaral Luz. 5 p. Acervo próprio.

Tan Tui - Is it a separate school of its own? In: Kung Fu Magazine Forums. Disponível em: http://www.kungfumagazine.com/forum/showthread.php?27492-Tan-Tui-Is-it-a-separate-school-of-its-own&s=81f1499a409ed221d8c455508b5757b8. Acesso em 11 de novembro de 2018.

Wang Zi-Ping - In: Wikipedia (En). Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Wang_Zi-Ping. Acesso em 12 de dezembro de 2018.

Xingyiquan by Ma Zhenbang (形意拳马振邦大师). Disponível em: https://youtu.be/3PqVQyL9ct0. Acesso em 12 de dezembro de 2018.

Yellow Bridge - Dictionaries, Tools, and Resources for Learning Chinese. Disponível em: https://www.yellowbridge.com/. Acesso em 12 de dezembro de 2018.

sábado, 17 de novembro de 2018

Caminhos Marciais e Humanidades no Twitter



Na busca por diversificar os meios de divulgação, compartilhamento e de diálogo sobre os textos publicados neste Blog, reativei e repaginei uma antiga e mal cuidada conta no Twitter, que, a partir de agora, receberá melhores cuidados. Siga-nos no Twitter, interaja conosco por lá. Estamos preparando outras novidades para o futuro.

Perfil no Twitter: https://twitter.com/guilherme_a_luz

#caminhos_marciais_e_humanidades @guilherme_a_luz


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Facebook considera este blog uma ameaça

Censura ao combate à violência contra mulheres e grupos LGBTI+ no Facebook!
Isso viola os meus padrões de comunidade!


Todos os leitores deste blog que me conhecem na rede sabem o quanto eu sempre fui ativo no meu perfil no Facebook. Lá, dentre outras postagens, eu sempre divulguei amplamente os conteúdos deste Blog. Mais de 90% dos acessos que este blog recebe vinham por meio do Facebook. Grupos específicos voltados às artes marciais e a outros temas aqui tratados eram canais importantes pelos quais eu divulgava este material.

Por isso, quando decidi encerrar a minha conta do Facebook, eu sabia que teria que criar uma outra, nem que fosse somente para divulgar os conteúdos deste blog. Isso não seria nenhuma novidade. Conheço dezenas de perfis que não se confundem com a vida pessoal dos seus donos. Não são perfis fake, nem sem identificação, mas perfis que privilegiam um único setor da vida de seus donos. Conheço dezenas de professores, por exemplo, que criam perfis somente para contato com os seus alunos da escola ou da universidade, perfis de associações de artes marciais, perfis de grupos de estudo etc.

Foi o que fiz. Tão logo exclui o meu perfil pessoal - cheio de fotos familiares, histórias sobre minha vida, amizades com pessoas estranhas, memórias de viagens e de momentos especiais -, criei um outro perfil bem mais sóbrio. Minha foto era o ideograma 道 (Dao), belamente caligrafado e selado, nos moldes da escrita tradicional. De fundo, uma paisagem de cachoeiras. Minha ideia inicial era colocar como nome Wudao Liberales, em referência a este blog, mas logo na primeira desativação da conta, percebi que não era possível e troquei para Guilherme Luz, deixando Wudao Liberales como apelido. Achei curioso porque tenho muitos amigos que usam pseudônimos há anos no Facebook, mas tudo bem.


Já com o meu nome verdadeiro, Guilherme Luz, comecei a montar o meu perfil, curtindo páginas de artes marciais, auto-defesa, cultura e língua chinesa, auto-defesa para mulheres, auto-defesa para LGBTI+ etc. Comecei a compartilhar conteúdos de artes marciais e a escrever sobre projetos de extensão passados e em fase de elaboração. Postei fotos e vídeos de projetos, de treinamentos, de cursos. Quando tentava postar matérias deste blog, o Facebook bloqueava. Dizia que o conteúdo feria as suas políticas. Tudo começou quando postei a matéria sobre feminicídio e sobre auto-defesa para LGBTI+. Quando escrevi uma postagem sobre o projeto de auto-defesa para LGBTI+ no ano que vem, meu perfil caiu de novo. Fui desativado!



Desde que o Facebook me excluiu, este blog teve uma queda vertiginosa de acessos. "Curiosamente", a última postagem com Facebook foi Feminicídio e Artes Marciais, com mais de 750 acessos até hoje. Já a primeira censurada, Autodefesa e a Comunidade LGBT: abordagem preliminar do problema, tem, até agora, menos de 40 acessos! Normalmente, as minhas postagens autorais têm ao redor de 200 a 350 acessos, quando postadas no Facebook. É "curioso" que a sobre feminicídio tenha tido mais que o dobro de acessos normais e, depois disso, meu perfil do Facebook tenha caído, junto com a proibição de postagem do meu blog no aplicativo, levando a uma queda vertiginosa dos seus acessos.

Peço a todos e todas que são contrários à censura, que conhecem este blog e gostam dos seus conteúdos, que divulguem este e outros textos que lanço por aqui. Vamos denunciar esta política sem critério do Facebook, que persegue o combate à violência enquanto tem sido cúmplice, do outro lado, de uma onda de discursos de ódio, fake news e lixo cultural espalhada pelas redes sociais! Não podemos ser reféns de aplicativos de celulares e páginas da Internet. Nós que deveríamos usá-los, não o contrário.

Post Scriptum: tentei contato com o Facebook pelo Help Centre várias vezes, sem sucesso, sem nem mesmo resposta.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Autodefesa e a comunidade LGBT: abordagem preliminar do problema


Hoje, dia 29 de outubro de 2018, o Brasil acordou com um novo presidente eleito. Ao longo desta última campanha eleitoral, talvez uma das mais polarizadas e violentas da história da nossa frágil e jovem democracia, velhos ódios e intolerâncias foram inflamados e até mesmo instrumentalizados. O discurso conservador, defendido enfaticamente pelo grupo mais vitorioso no pleito (grupo que elegeu, além do presidente da República, governadores de vários estados e uma numerosa bancada no Congresso Nacional), foi utilizado pelos mais exaltados, que deram vazão a arroubos de violência. Não somente ocorreram diversos casos de agressão física como um número ainda maior de casos de ameaças e de constrangimento simbólico. Os diversos grupos LGBTI+, principalmente os transsexuais, são dos mais vulneráveis neste processo. Toda esta situação tem levado ao medo e até mesmo ao pânico muitas pessoas que se veem nesta condição.

Foi percebendo este contexto, ainda ao longo do processo eleitoral, que tive a ideia de criar, para 2019-2020, um projeto de extensão voltado especialmente para lidar com o problema. Várias pessoas da comunidade LGBTI+ já estão procurando artes marciais e aulas de defesa pessoal para se protegerem. Entretanto, eu penso que esta busca é insuficiente se não vier acompanhada de outros instrumentos importantes e outras atitudes/atividades auto-protetivas e de auto-conhecimento. Cabe assinalar, também, que o fenômeno, infelizmente, não se resume ao Brasil e ao nosso processo político-eleitoral. Ele é crescente mundialmente, acompanhando ondas de conservadorismo também em países da Europa onde, em tese, haveria maior tolerância, como é o caso da França. Por isso, é importante também compreender o fenômeno como um todo, nas suas articulações locais, nacionais e globais.

Primeiramente, ainda não existe, no Brasil, uma cultura bem estabelecida de oferta de aulas de artes marciais para o público LGBTI+. Em outra publicação, tratamos um pouco deste tema: O problema dos gêneros e a prática de artes marciais. Há uma forte cultura masculina e mesmo machista em ambientes de artes marciais, ainda que nem sempre se reconheça isso. Também tratamos do assunto no texto Feminicídio e artes marciais. Em outros países, como na Inglaterra, encontram-se academias de artes marciais mais atentas à inclusão de mulheres e do público LGBTI+. Conheça uma destas iniciativas no vídeo abaixo (em inglês):



Aqui no Brasil, este é um seguimento ainda pouco explorado do mercado de artes marciais e que deve crescer e promete bons rendimentos para os que se aventurarem no negócio. Mas ainda não basta. Um trabalho muito mais amplo precisa ser feito de investigação, de estabelecimento de redes e de multiplicação de condutas e orientações práticas. Em boa medida, é o que pretenderemos desenvolver com muita seriedade em nosso projeto a partir do ano que vem.

Uma atitude que me preocupa e deriva de um certo pânico do momento é a busca por informações parciais e materiais supostamente autodidáticos, com uma certa dose de voluntarismo. É preciso ter muito cuidado. Artes marciais são atividades potencialmente perigosas, em múltiplos sentidos, quando não envolvem estudo, prática e treino muito bem orientado. Não é impossível aprender muita coisa sozinho, mas é muito melhor aprender com quem sabe o que está fazendo e tem experiência com as melhores formas de ensinar. Cuidado também com os aproveitadores e charlatões oportunistas que vejam neste momento de medo uma chance de encherem os próprios bolsos.

Além disso, arte marcial para auto-defesa não se limita ao domínio de técnicas. Muito mais do que isso, é uma arte completa de autodomínio, envolvendo perfeita harmonia de corpo, mente e emoções. Na maior parte das situações, o mais protetivo é não entrar em provocações, o que se consegue facilmente quando se tem uma autoestima fortalecida. Muito do trabalho marcial é sobre o fortalecimento da autoestima e isso não se consegue lendo manuais sozinho, enquanto a cabeça se encontra no labirinto do pânico.

Se você for gay, lésbica, transexual, intersexo, queer ou se identificar com qualquer outro espectro desta comunidade e quiser começar a praticar artes marciais para se defender, apresento algumas dicas e sugestões:

1) Não se aprende artes marciais do dia para a noite, muito menos a ponto de se tornar capaz de utilizá-la para autodefesa. Por isso, tenha em vista que um curso de curta duração não adiantará muito. Quando começar, tenha consciência de que precisará de alguns meses ou anos para se tornar hábil a ponto de se defender contra agressores minimamente perigosos em situações de riscos medianos;

2) Não parta do princípio que você é incapaz de se defender. Não pense assim: "eu não tenho força"... Arte marcial não tem nada a ver com força. E, quando ela precisar de alguma força, ela lhe dará meios também para desenvolvê-la. O mais importante, de novo, é ter bons professores e ter determinação para treinar (tanto a parte técnica quanto à física, quando elas já não estiverem integradas no mesmo exercício);

3) Compreenda que as artes marciais são caminhos de vida e que pretendem alterar a sua relação com todo o mundo à sua volta. Bem praticadas, elas afetam as suas emoções, as suas sensações, as suas visões de mundo, a sua vida de modo geral. Assim, não parta de uma visão puramente instrumental da técnica. Ela é apenas a parte mais fácil e menos útil de um conjunto maior e melhor de autoconhecimento e de cuidado de si;

4) Comprometa-se com a sua comunidade. Lembre-se: você tem como motivação defender-se contra agressões de quem não aceita quem e como você é. Portanto, seja solidário ou solidária com outras pessoas que estão na mesma situação que você. Seja um multiplicador de tudo o que aprender. Inclusive, uma vez que se tornar proficiente em técnicas, ensine outras pessoas. Tenha isso no seu horizonte;

5) Comprometa-se com aqueles que estão ajudando: seus colegas de treino (LGBTI+ ou não) e seus professores (LGBTI+ ou nçao). O pior vício de praticantes de artes marciais modernos é acharem que aquilo que desenvolvem é individual. Quando um professor passa uma técnica, ele está transmitindo um conhecimento que, até chegar a você, percorreu um longo caminho no tempo e no espaço. Respeite este legado. Tenha reverência aos mestres e ao local de treinamento. Comprometa-se com a arte;

6) Procure um lugar em que você se sinta à vontade para treinar, sendo quem você é, sem se esconder. Se você passará anos da sua vida naquele lugar, ele tem que ser confortável. Não se esconda. Se sentir que não há clima para você ser quem você é, não será possível durar muito tempo ali. Melhor sair logo e procurar outro lugar, outra arte, outro professor ou professora etc;

7) Forme, se possível, um grupo que tenha interesse de treinar junto. Além de ser muito útil para desenvolvimento técnico, isso pode facilitar na socialização;

8) Nunca se envolva em brigas. Sempre as evite. Aprenda a se defender e lembre-se: quem não briga não se machuca, logo, pratica a melhor das auto-defesas. Não aceitar provocações e tomar medidas preventivas, desde o início, devem ser o seu "mantra". De maneira alguma seja quem começa o conflito;

9) Compreenda que o agressor é fraco! Ele pode estar armado, ter força física e até ter técnica, mas um agressor que violenta as pessoas por serem diferentes é alguém ética e emocionalmente frágil! Fortaleça-se ética e emocionalmente. É neste campo que você conseguirá se proteger melhor;

10) Não deposite confiança em armas. Mesmo que você utilize armas para se defender (de fogo ou não), o que realmente protege é mente ativa e tranquila. Armas nas mãos de alguém com mente agitada e confusa apenas se torna um perigo a mais.

Espero ter sido útil. Qualquer coisa, entre em contato. Ficarei feliz se puder ajudar. Qualquer pergunta ou dúvida, faça. Se eu não souber responder, ajudarei a procurar respostas.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Participação no II Encontro de Conferencistas da Casa Plural (2017)

Um dos nossos principais parceiros dos projetos que conduzimos desde o início vem sendo a Casa Plural, de Tupaciguara-MG, um grupo de pessoas idealistas que, sem qualquer finalidade lucrativa ou político-eleitoral, organizou-se para fomentar a cultura e a cidadania na pequena cidade de Tupaciguara, no Triângulo Mineiro. E 2017, apresentamos o projeto "Kung Fu: interfaces entre artes marciais e educação em humanidades" no II Encontro de Conferencistas da Casa Plural. Foi uma oportunidade de conversar com as pessoas da cidade sobre o que vínhamos fazendo por lá. Fazemos o convite para que assistam ao registro do evento em vídeo produzido pelos seus organizadores. Muito obrigado, Casa Plural!